Apoios à empresas: até agora chegaram "zero”

A DGS avançou, no seu boletim epidemiológico, o registo de 629 mortes e 18.841 infetados com Covid-19 em Portugal. De ontem para hoje o número de óbitos subiu de 599 para 629, mais 30, enquanto o número de infetados aumentou de 18.091 para 18.841, mais 750, o que representa um aumento de 4,1% perante os dados de ontem. O número de casos recuperados cresceu de 383 para 493.

O Presidente da República já enviou para o Parlamento o projeto do decreto para a renovação do estado de emergência, que se prolongará até ao final deste mês. Ontem, no final de uma reunião entre representantes dos órgãos de soberania, líderes partidários e entidades de saúde pública, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que "tudo se encaminha para uma renovação”. 

Já o primeiro-ministro defendeu que é essencial atingir "o mais cedo possível” um nível da pandemia em que seja possível começar a aliviar as medidas de contenção. E avançou que no dia 28 de abril haverá uma nova reunião com epidemiologistas. António Costa afirmou, ainda, que a reabertura da atividade económica tem de ser prudente e com condições de confiança na sociedade. 

Ontem, a DGS afirmou que é possível que apareçam novos picos de Covid-19, pelo que admitiu retirar e introduzir medidas de restrição quando necessário. 

Ao nível da proteção da população, o presidente da Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal avançou que a produção de máscaras não cirúrgicas já arrancou e que as primeiras remessas vão chegar no início da próxima semana. 

Entretanto, a ONU anunciou que a conferência sobre os oceanos, que estava prevista para Lisboa em junho, vai ser adiada devido à pandemia.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considerou ontem que "uma vacina segura e eficaz pode ser a única ferramenta que permite o retorno do mundo a um sentimento de normalidade”. 

Hoje, o Parlamento Europeu está a debater as respostas da União Europeia à pandemia, visando uma ação coordenada para a recuperação económica pós-crise e o levantamento progressivo das medidas de contenção. 

Nos EUA, mais de 2.500 pessoas morreram num período de 24 horas por causa do Covid-19. É o registo mais elevado contabilizado até agora por um país. No Reino Unido, foi ontem confirmado o registo de 4.603 novos casos e mais 761 óbitos. 

E a Alemanha tem mais 315 vítimas mortais, elevando para 3.569 os óbitos no país, um número já superior ao declarado pela China. Espanha registou 551 mortes devido ao novo coronavírus, uma subida face ao dia anterior, e 5.183 novos infetados. 

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os estados e os municípios podem adotar as medidas que considerem necessárias para combater o novo coronavírus, contrariando a posição do Presidente Jair Bolsonaro. O país registou ontem um recorde diário de 3.058 infetados e 204 mortos. 

Segundo um balanço da AFP, publicado às 20h00 de ontem, a pandemia matou 131.639 pessoas e infetou mais de dois milhões em todo o mundo desde dezembro. Na Europa já são mais de um milhão os casos de infeção com o novo coronavírus. 

A Fundação Bill & Melinda Gates anunciou que vai investir mais 150 milhões de dólares no combate à pandemia, com novas bolsas para criação de vacinas, medicamentos e diagnósticos.

A farmacêutica Pfizer e a empresa alemã BioNTech fizeram saber que estão a trabalhar em conjunto para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Os ensaios clínicos em humanos deverão começar nos EUA e na Europa. 

Em Lisboa, na Fundação Champalimaud, estão a ser procuradas nos anticorpos de quem já teve contacto com o Covid-19 as respostas para as grandes questões que se colocam ao nível da imunidade.

O FMI prevê no seu Fiscal Monitor, divulgado ontem, que o efeito conjugado da queda de 8% do PIB e da subida do défice para 7,1% em 2020 vai fazer disparar a dívida pública portuguesa para novos máximos. Segundo a instituição, a maioria dos países vai registar os maiores défices das últimas décadas. 

Hoje, os ministros das Finanças da União Europeia voltam a reunir-se por videoconferência, tendo entre os pontos em agenda uma discussão sobre a "abordagem simplificada” da apresentação dos programas de estabilidade, face à atual situação decorrente da pandemia. 

A Moody’s revisitou o rating dos sistemas bancários europeus e decidiu colocar o outlook de cinco deles em "negativo”, devido aos efeitos da crise pandémica. Portugal é um dos alvos desses cortes de avaliação. 

O ministro da Economia avançou, numa webconference, que já foram aprovados 430 milhões de euros em linhas de crédito, sendo que os apoios à retoma terão de ser desenhados "em função daquelas que forem as tendências de evolução” da economia. Após uma reunião com as confederações patronais e sindicais, Pedro Siza Vieira sublinhou que a grande preocupação do Governo, em interação com a banca, é fazer com que o dinheiro dos apoios chegue às empresas até ao fim de abril. No entanto, o presidente da CIP criticou o Executivo por ter anunciado os apoios destinados às empresas, mas até agora terem chegado "zero”. 

Num evento online que reuniu empresas chinesas e portuguesas, o secretário de Estado Adjunto e da Economia ressalvou que o impacto da pandemia na economia global será profundo, com uma recuperação longa, dura e exigente. Já a ministra do Trabalho avançou, numa audição na Comissão Parlamentar do Trabalho e da Segurança Social, que 2,3 milhões de portugueses estão atualmente a viver com salários ou apoios do Estado. 

No que diz respeito ao turismo, o presidente da CTP anunciou que o setor se está a preparar para ir gradualmente abrindo a partir de maio, "com muita calma e segurança".

Apesar de uma breve recuperação no arranque da sessão, a Bolsa de Lisboa voltou esta manhã ao vermelho, estendendo as perdas de mais de 2% registadas ontem. O PSI-20, que seguia a desvalorizar cerca de 0,5%, não acompanhava assim a recuperação que se assistia nas pares europeias. Nessa altura, o Stoxx 600 somava 0,9%.