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Economia portuguesa à beira da maior recessão de sempre

Mais 3,68% infetados que ontem. Produção de máscaras não avança. Autarcas reiteraram que a DGS está a omitir casos de Covid-19. O FMI prevê, no World Economic Outlook divulgado ontem, que a economia portuguesa vai afundar 8% este ano - a maior recessão de sempre num só ano -, recuperando 5% em 2021
15 Abr. 2020
Economia portuguesa à beira da maior recessão de sempre
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A DGS anunciou, no seu boletim epidemiológico, o registo de 599 mortes e 18.091 infetados com Covid-19 em Portugal. De ontem para hoje o número de óbitos subiu de 567 para 599, mais 32, enquanto o número de infetados aumentou de 17.448 para 18.091, mais 643, ou seja, mais 3,68% que ontem. O número de casos recuperados passou de 347 para 383. A PANDEMIA EM PORTUGAL Alguns autarcas reiteraram que a DGS está a omitir casos de Covid-19. Graça...
A DGS anunciou, no seu boletim epidemiológico, o registo de 599 mortes e 18.091 infetados com Covid-19 em Portugal. De ontem para hoje o número de óbitos subiu de 567 para 599, mais 32, enquanto o número de infetados aumentou de 17.448 para 18.091, mais 643, ou seja, mais 3,68% que ontem. O número de casos recuperados passou de 347 para 383.

A PANDEMIA EM PORTUGAL

Alguns autarcas reiteraram que a DGS está a omitir casos de Covid-19. Graça Freitas reconheceu que os "dados possam não ser iguais, dependendo de como é feita a observação”. A DGS faz uma distinção entre o que designa por dados "macro” e "micro”. 

Hoje, o Infarmed alertou para a existência de embalagens falsificadas de cloroquina, medicamento validado para a malária que tem sido usado no tratamento de doentes com Covid-19. E, segundo anunciou o secretário de Estado da Saúde, mais de duas centenas de empresas já expressaram "vontade” junto das autoridades de saúde de iniciarem a produção de máscaras de proteção para a população.

A ministra do Trabalho e da Segurança Social revelou que 170 mil pais já pediram o apoio excecional para ficar em casa a acompanhar os filhos por causa do encerramento das escolas.

A PANDEMIA NA EUROPA E NO MUNDO

Os EUA suspenderam o envio de fundos para a OMS, com Donald Trump a acusar a instituição de não ter sabido lidar com a propagação do novo coronavírus. O secretário-geral da ONU afirmou que este "não é o momento de reduzir o financiamento das operações" da OMS. 

A CE propôs hoje um conjunto de medidas, num plano de ação para o levantamento das medidas restritivas de combate ao coronavírus. O modelo apresentado defende um equilíbrio entre as consequências económicas e sociais.

Os EUA contaram, em 24 horas, mais de 2.200 mortos devido ao novo coronavírus, o maior balanço diário registado por um país, indicou a Universidade Johns Hopkins. 

A Bélgica anunciou ontem que ultrapassou a barreira das quatro mil mortes causadas pela pandemia. O país ultrapassa já a China, país onde a doença surgiu. Na Alemanha foi ultrapassada a marca das três mil mortes, estando registados 127.583 casos. A chanceler Angela Merkel vai propor esta tarde o prolongamento das medidas de contenção, pelo menos até 3 de maio. 

Em Espanha, foram registadas nas últimas 24 horas 523 mortes, o que representa uma ligeira descida relativamente ao dia anterior. Atualmente estão contabilizados 18.579 vítimas e 177.633 casos positivos. Em Itália, os especialistas dizem que o país ainda está na chamada fase 1 do contágio de coronavírus. Segundo as autoridades, a fase 2 deverá começar no início de maio. 

Neste momento há mais de dois milhões de pessoas infetadas em todo o mundo. O número de vítimas mortais no planeta supera já os 126 mil, havendo mais de 484 mil pessoas recuperadas. Isto, num momento em que um estudo realizado por investigadores da Universidade de Harvard, nos EUA, assume que o novo coronavírus se tornará sazonal, indicando que o distanciamento social poderá ser necessário até 2022.

PROGRESSOS MÉDICOS

As farmacêuticas GlaxoSmithKline e Sanofi anunciaram ontem que vão colaborar no desenvolvimento uma vacina para o Covid-19. Os ensaios clínicos deverão começar na segunda metade deste ano. 

E os especialistas estão a investigar um novo sintoma associado ao coronavírus. Isto porque, além das complicações no sistema respiratório associadas ao Covid-19, este vírus pode também causar problemas nos pés, especialmente nas crianças e adolescentes.

IMPACTO ECONÓMICO

O FMI prevê, no World Economic Outlook divulgado ontem, que a economia portuguesa vai afundar 8% este ano - a maior recessão de sempre num só ano -, recuperando 5% em 2021. A taxa de desemprego mais do que duplicará, passando de 6,5% em 2019 para os 13,9% em 2020. Para a economia mundial, o Fundo prevê uma contração de 3% este ano, devido aos efeitos da pandemia, a que se deverá seguir uma recuperação em 2021, com um crescimento global de 5,8%. 

Em entrevista ao "Corriere della Sera”, Mário Centeno continua a não descartar a hipótese de emissão de Eurobonds para enfrentar a crise. E diz que o PIB da UE vai demorar pelo menos dois anos a chegar a níveis de 2019. 

Esta manhã Portugal obteve 1.250 milhões de euros através de dois leilões de títulos de dívida de curto prazo. Porém, devido à instabilidade dos mercados, o IGCP voltou a registar uma taxa de juro positiva para emitir Bilhetes do Tesouro. 

Ontem, o Governo reuniu com economistas, tendo revelado que a população precisa de se sentir seguras no regresso à normalidade para uma reabertura da economia. No final desta reunião, o ministro da Economia revelou que 66 mil empresas já aderiram ao regime de lay-off simplificado, "menos de um quarto da população”. 

Por seu lado, a ministra do Trabalho avançou hoje que cerca de 931 mil trabalhadores já viram o seu contrato de trabalho suspenso ou a carga horária diminuída ao abrigo do novo regime de lay-off. Ana Mendes Godinho acrescentou que mais de 145 mil trabalhadores independentes já acederam ao apoio extraordinário. E o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares admite que os trabalhadores dos setores mais afetados pela crise, como o turismo, possam ser designados para as atividades "que recuperem mais rápido” e tenham necessidade de mão-de-obra. 

Entretanto, para minimizar o impacto económico, várias empresas estão a abrir portas, com equipas reduzidas, mas também com medidas de contenção apertadas.

MERCADOS FINANCEIROS

Pouco depois da abertura da sessão de hoje, o PSI-20 seguia a negociar em terreno negativo, em linha com as principais praças europeias. Os investidores mostravam-se pessimistas, apesar dos ganhos expressivos de ontem das suas congéneres em Wall Street.
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