Europa: o novo porto seguro para os EVs que prevalecem num mercado volátil

Tal como esperado, os registos de carros novos na Europa enfrentaram um declínio constante em abril. O volume caiu de 1,34 milhão de unidades em abril de 2019 para 292.600 veículos registados em abril de 2020. Isso representa o menor nível mensal desde a década de 1970 e o pior resultado entre os três grandes mercados - China, EUA-Canadá e Europa. A queda acentuada na Europa foi superada apenas pela Índia (-100%). O volume acumulado no ano para a Índia também foi o menor resultado registado desde que o JATO começou a rastrear dados de registo em 1980.

Felipe Munoz, analista global da JATO Dynamics, comentou: "O confinamento em todo o mundo contribuiu significativamente para uma enorme queda nos registos. Nem um único OEM estava preparado para esse cenário ou esperava uma crise numa escala tão grande. A única vantagem dessa turbulência é que ela criou uma oportunidade para os intervenientes da área automóvel reavaliarem as suas operações e se tornarem mais ágeis”. Como a quarentena não foi aplicada em todos os países, os registos caíram em momentos e níveis diferentes. Por exemplo, na Escandinávia, foi concedida aos cidadãos mais liberdade de movimento, portanto os registros caíram 37%, a menor queda. Por outro lado, quatro dos cinco principais mercados sofreram quedas significativas após as restrições estritas de confinamento. Os registos combinados na Itália, Reino Unido, Espanha e França passaram de 646.000 unidades em abril de 2019 para 34.000 um ano depois.

No entanto, nem todos os aspetos da indústria automóvel sofreram uma queda em abril. Apesar do confinamento abrangente que ocorreu no primeiro trimestre e dos indicadores económicos negativos, os veículos elétricos (EVs) continuaram a ganhar força. Os seus registos totalizaram 50.400 unidades, representando 17% da participação total do mercado. A procura caiu 46% em relação a abril de 2019, mas foi principalmente devido aos carros híbridos, que tiveram um declínio de 66%, para 18.900 unidades. Os carros elétricos puros registaram uma queda de 29%, para 16.700 veículos, enquanto os híbridos Plug-in viram quase 14.000 novos clientes, um aumento de 7%.

Munoz explicou: "Os veículos elétricos já faziam parte do pequeno crescimento que permaneceu em 2019. Este ano, como os governos agiram rapidamente para proteger os seus povos e economias, os veículos elétricos ganharam ainda mais atração e visibilidade devido a incentivos". Munoz continuou: "É provável que esses carros se tornem na melhor escolha para os consumidores que procuram um transporte particular. Os OEMs que investiram pesadamente em EVs estão em melhor posição para enfrentar os meses difíceis pela frente”.

Os registos dos EVs da Volkswagen, Volvo, Audi e Ford registaram um crescimento de dois dígitos. Eles foram capazes de ganhar tração decorrente do Volkswagen Passat PHEV (981 unidades), Up BEV (678 unidades), Volvo V60 PHEV (897), XC40 PHEV (339 unidades); Audi E-Tron (1.289 unidades), A3 PHEV (465); e Ford Puma HEV (1.170 unidades), Kuga PHEV (753). Outros modelos importantes, como o Tesla Model 3, Renault Zoe e Nissan Lead, registaram quedas de 37%, 47% e 56%, respetivamente.