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Raul Vergueiro, administrador da Lusilectra

Com 30 anos de actividade cumpridos no ano passado, a Lusilectra é um dos maiores especialistas do mercado no setor de equipamento oficinal, com representação e venda das principais marcas de equipamento mundial.
28 Fev. 2016
Raul Vergueiro, administrador da Lusilectra
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Junto de Raul Vergueiro, administrador da empresa, procurámos saber as novidades no setor de equipamento oficinal e as dificuldades que está a atravessar, nomeadamente no que toca aos centros de inspeção. AUTOAFTERMARKETNEWS - Um dos ramos da sua atividade é a comercialização de equipamentos para oficinas e centros de Inspeção. Como tem decorrido o negócio nesta área nos tempos mais recentes?RAUL VERGUEIRO - Em resultado da crise que...
Junto de Raul Vergueiro, administrador da empresa, procurámos saber as novidades no setor de equipamento oficinal e as dificuldades que está a atravessar, nomeadamente no que toca aos centros de inspeção.

AUTOAFTERMARKETNEWS - Um dos ramos da sua atividade é a comercialização de equipamentos para oficinas e centros de Inspeção. Como tem decorrido o negócio nesta área nos tempos mais recentes?
RAUL VERGUEIRO - Em resultado da crise que tem afetado o setor automóvel, os investimentos, em particular na área do após-venda, têm diminuído. O que levou a um abrandamento no nosso envolvimento, sobretudo em projetos de carácter global como acontecia anteriormente. Os centros de inspeção são um nicho de mercado com particularidades muito especiais e que está extremamente dependente de uma evolução legislativa muito específica. E os últimos 3 anos foram férteis em estudos e projetos mas, até à data, não têm tido concretização. Pelo menos à escala geral, dadas algumas indecisões por parte das autoridades regulamentadoras.
 
Quais são as principais marcas que comercializam e que representam em exclusivo para o mercado português?
A Lusilectra teve, ao longo dos 30 anos, de selecionar as marcas e produtos a comercializar, tentando sempre captar para a sua área de influência os fabricantes mais especializados e líderes de mercado em cada gama de equipamentos. Não sendo possível falar hoje em dia dentro da UE de exclusividade, as garantias de solidez comercial, financeira e técnica que a Lusilectra oferece aos seus fornecedores, garantem-nos acordos de distribuição privilegiados sem interferência de terceiros. Com os fabricantes e produtos extra comunitários, temos, aí sim, acordos de exclusividade. O mais significativo é o da ferramenta Jonensway, que cobre não só o território português, como também Espanha, Angola, Cabo Verde, estando outros mercados ainda em estudo.
 
Quais são os vossos maiores clientes nacionais? Há condições para conquistar mais mercado em Portugal?
Os maiores clientes nacionais são os principais grupos económicos ligados ao setor automóvel e os centros de inspeção automóvel.
Em qualquer um dos casos, embora por razões diferentes, não se prevê crescimento em Portugal. Pelo menos a curto prazo. Isso implicou que há já 3 anos tenhamos expandido a nossa atividade para outros mercados externos a Portugal, com a instalação de centros de inspeção em Moçambique, fornecimento de vários projetos e equipamentos para oficinas em Espanha e a criação de uma estrutura fixa em Angola. Aqui desenvolvemos, nos últimos 5 anos, grandes projetos para vários investidores portugueses e angolanos, assim como expandimos a rede de ferramentas atrás referida.
 
Tem existido evolução neste setor, ou seja, tem surgido melhor equipamento que permita diagnósticos mais rápidos e mais eficazes?
Sim, como é óbvio, dada a evolução tecnológica dos veículos ser permanente. Esta evolução é sentida em todas as áreas oficinais, desde a chapa/pintura até ao diagnóstico de receção do veículo na oficina. A Lusilectra e os fabricantes de equipamentos que representa, como líderes de mercado que são, não podem nem querem fugir a esta evolução técnica. Sobretudo na área de design, conceção e especialidades do projeto, desenvolvemos soluções para diminuir as áreas operacionais, aumentar a eficiência dos postos de trabalho e rentabilizar ao máximo os recursos humanos.
A inspeção automóvel, nomeadamente a obrigatória para viaturas com mais de 2 anos caso se trate de comerciais, está muito condicionada ao que o legislador exige. Acha que alguma coisa deveria mudar nesta matéria?
O sistema de inspeções em Portugal está balizado por legislação específica que está alinhada com a estratégia definida na UE. Não nos parece que seja a legislação o problema nem o elemento condicionante, mas sim as indecisões que subsistem na aplicação desta mesma legislação. Sem dúvida que existem e continuarão a existir alguns pontos menos claros (do ponto de vista técnico) sobre o ato da inspeção. Muitas vezes estas dúvidas prendem-se com a evolução tecnológica muito rápida dos veículos que a legislação dificilmente acompanha. Há pois que tomar algumas decisões no sentido de fazer evoluir o ato da inspeção.
Parece-nos assim que apenas será necessário tornar mais flexível e mais célere o processo de decisão por parte das autoridades. Veja-se há quanto tempo se fala nas inspeções a veículos da categoria L (vulgo motas) e efetivamente nada acontece; outro exemplo é o dos veículos elétricos ou híbridos já no mercado e para os quais subsistem muitas dúvidas quanto aos corretos procedimentos a adotar na inspeção.
 
No setor das IPO, os vossos clientes têm-vos transmitido algumas preocupações sobre a atividade relacionadas com a situação económica do País? De que género e que soluções eventualmente foram tomadas em conjunto?
O setor das inspeções automóveis em Portugal tem manifestado alguma preocupação por não saber exatamente qual a estratégia a seguir pelas entidades reguladoras, dadas as indecisões atrás referidas; a potencial abertura de novos centros, o alargamento das categorias de veículos a inspecionar ou a alteração da periodicidade da inspeção dos mesmos condiciona fortemente as decisões a tomar pelos operadores do setor e fazem atrasar os investimentos, por não serem claras a opções tomadas pela tutela.

EXPANSÃO DA LUSILECTRA E PERSPETIVAS PARA 2014:
"Alguns clientes importantes obrigaram-nos a emigrar”


"Se a economia do País melhorar haverá um aumento do número de quilómetros percorridos pelos veículos. Isso implicará idas mais assíduas à oficina, aumento do consumo e, logo, maior capacidade de investimento das oficinas”.

AUTOAFTERMARKETNEWS - A expansão para novos mercados, nomeadamente em África, teve a ver com dificuldades sentidas no mercado português?
RAUL VERGUEIRO - A nossa internacionalização, iniciada há 5 anos atrás, foi resultante da diminuição do mercado português. Naturalmente também surgiu em face de pedidos de nossos clientes que também se deslocaram para novos mercados e quiseram continuar a contar com o nosso apoio e experiência.
Podemos então afirmar que, além da necessidade de encontrarmos novos mercados, fomos "arrastados” por alguns nossos clientes importantes que também foram obrigados a emigrar.
 
Começam a surgir sinais de retoma económica. Isso é percetível na vossa atividade?
No último semestre de 2013 já se começaram a sentir alguns sinais de uma retoma muito ténue. No entanto, os investimentos a decorrer são, para já, na nossa opinião, os absolutamente necessários para recuperar a quase total falta de investimento dos últimos 3 anos. Daqui resulta o facto de muitas oficinas estarem "atrasadas” em relação à tecnologia usada nos veículos hoje comercializados. Já para nós significa que o setor após-venda auto ainda não está numa fase de perspetivar evoluções futuras, mas apenas e somente a colmatar graves falhas operativas e a recuperar os níveis de qualidade de reparação que tanto se degradaram nos últimos anos. Naturalmente que, se a economia do País melhorar, haverá um aumento do número de quilómetros percorridos pelos veículos. Daqui implicará idas mais assíduas à oficina, aumento do consumo e, logo, maior capacidade de investimento das oficinas.
Sendo assim quais as perspetivas para 2014?
Temos que ter esta esperança e continuar a desenvolver soluções inovadoras e capazes de garantir o sucesso económico dos nossos clientes, garantindo a confiança destes na nossa organização e nosso nossos produtos. O ano de 2014 não deve ser ainda o de plena retoma, porque os indicadores económicos continuam muito débeis. Mas faremos tudo para contrariar esta tendência e ajudar o setor a inverter a situação.
ORIGENS E PERCURSO DA EMPRESA
A Lusilectra faz parte de um grande conjunto económico português com fortes tradições no setor automóvel: o grupo Salvador Caetano.  Com atividades em muitos setores, os equipamentos oficinais continuam a ser os principais pilares de atividade da Lusilectra, tornando-a capacitada para soluções chave na mão para qualquer tipo de oficina ou centro de inspeção.
 
"A Lusilectra iniciou a sua atividade em 1983 com o objetivo de criar uma rede técnica e comercial para os produtos da marca Nippondenso (hoje designados por Denso). Entre estes produtos salientava-se o material diesel de injeção, o que implicou a criação de um laboratório diesel para formação técnica da nossa rede” refere Raul Vergueiro, administrador da empresa.
"Como a essa data, estávamos já nas vésperas da adesão à UE, introduzimos em Portugal uma marca de tacógrafos (aparelho que se tornou obrigatório para os veículos pesados a partir de 1986), criando também, para este produto, uma rede de vendas e assistência técnica”.

O crescimento para a representação e venda de equipamento oficinal foi, por isso, natural: "Dada a nossa forte pendente técnica, iniciámos de imediato contactos com fabricantes de equipamentos oficinais, porque detetamos a existência de uma grande lacuna nessa área. Sobretudo de conhecimento técnico, formação, forma e método de as oficinas retirarem rentabilidade desses mesmos equipamentos”, explica o entrevistado.

E acrescenta: "ao longo de 30 anos, adicionando ao nosso portfólio vários fabricantes e marcas de equipamentos oficinais de renome mundial, cada um especialista numa particular gama de equipamentos. Alargamos assim, a oferta aos nossos clientes, mas sobretudo, fomo-nos especializando na execução, estudo e conceção de oficinas o mais eficientes possíveis, tendo em conta a tipologia de veículos e/ou serviços a executar”.

Atualmente a Lusilectra tem atividades noutros setores, embora Raul Vergueiro reconheça que "os equipamentos oficinais, assim como os acessórios especiais, tacógrafos e diesel, continuem a ser os principais pilares da atividade da Lusilectra”.
Portanto, é nestas áreas que se fazem os principais investimentos: "Foi o que aconteceu em 2013 com a criação de um laboratório diesel para injetores e bombas common-rail especialmente preparado para garantir as especificações extremamente rigorosas exigidas pela Denso”.

Por causa de tudo isto o administrador da Lusilectra garante que "além do importantíssimo capital humano de experiência e conhecimento técnico de todos os nossos colaboradores, podemos oferecer aos nossos clientes soluções chave na mão para qualquer tipo de oficina ou centro de inspeção.”
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO
Dentro do setor das inspeções, assim como da reparação automóvel, a Lusilectra sempre deu especial atenção à formação, tendo sido uma das primeiras empresas em Portugal a ter um centro técnico de formação e um formador exclusivamente dedicado aos equipamentos oficinais.

Raul Vergueiro explica: "Na formação que damos aos nossos clientes ensinamos a tirar o máximo de proveito e rentabilidade das aquisições efetuadas. Contudo, não podemos confundir formação operacional com formação profissional. Esta não é da nossa competência, embora tenhamos um forte envolvimento com os principais centros de formação profissional do setor e/ou com os centros técnicos de formação específica dedicados a cada uma das marcas automóveis. Outro serviço extremamente importante que prestamos é a assessoria técnica que desmobilizamos ao nível do projeto de implementação, especialidades de construção civil e de apoio técnico à obra, seja de construção seja de remodelação”.
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