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Setor automóvel esteve reunido no Porto a repensar o futuro

Na celebração dos 80 anos da ARAN.
22 Jul. 2021
Setor automóvel esteve reunido no Porto a repensar o futuro
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A ARAN – Associação Nacional do Ramo Automóvel organizou a conferência "Repensar o futuro do setor automóvel”, para celebrar os seus 80 anos de atividade e refletir sobre o setor reunindo especialistas nacionais e internacionais.  Rodrigo Ferreira da Silva, presidente da ARAN, abriu a conferência, dando as boas-vindas aos oradores e participantes, afirmando que repensar o futuro é o lema que se impõe neste momento e este foi o...
A ARAN – Associação Nacional do Ramo Automóvel organizou a conferência "Repensar o futuro do setor automóvel”, para celebrar os seus 80 anos de atividade e refletir sobre o setor reunindo especialistas nacionais e internacionais.

 Rodrigo Ferreira da Silva, presidente da ARAN, abriu a conferência, dando as boas-vindas aos oradores e participantes, afirmando que repensar o futuro é o lema que se impõe neste momento e este foi o motivo por que a ARAN planeou a conferência em torno deste tema. Realçou que o setor está em profunda transformação. Há desafios muito relevantes impulsionados pela pandemia, nomeadamente dois fenómenos impossíveis de contornar, nomeadamente a digitalização e a aposta em veículos mais amigos do ambiente.

Após o seu discurso, o presidente da ARAN convidou o Secretário de Estado do Comércio para homenagear três individualidades que, pelo seu empenho e dedicação, muito contribuíram para sucesso da associação, nomeadamente Mário Pinto Teixeira, José de Miranda Barbosa e a Álvaro José Maia Monteiro de Aguiar com um louvor póstumo. 

A visão da Europa foi apresentada por Jean-Charles Herrenschmidt, presidente do CECRA - Conselho Europeu para o Comércio e Reparação Automóvel, que expôs a instituição na defesa dos concessionários e reparadores europeus que representam aproximadamente 336.720 empresas de comércio e reparação de automóveis, com um papel muito importante na preparação do Block Exemption – defendendo uma regulamentação justa para o setor.

O presidente da CCP, João Vieira Lopes, reforçou a relevância do setor automóvel, sendo representativo do tecido empresarial português, pois é constituído por pequenas e médias empresas, é fortemente empregador e preocupa-se com o futuro e com as oportunidades futuras.Explicou que a assistência pós-venda é muito importante, dado que ao nível do comércio e dos serviços representa 2/3 do PIB. Deixou um apelo especial à necessidade de aumento da qualificação da gestão das empresas, assim como à necessidade de trabalhar em rede, promovendo a fusão de empresas quando possível para criar mais massa crítica para competir num mercado cheio de desafios. 

O Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, destacou a importância da interação permanente com as associações e a relevância de manter este diálogo franco e aberto no futuro para encontrar soluções que permitam recuperar deste período que Portugal está a atravessar. Salientou que o setor do comércio e reparação é o que agrega maior emprego, com um número de 200 mil empresas e mais de 700 mil postos de trabalho, refletindo a realidade do tecido português, com uma média de 3,5 trabalhadores por empresa, e com um forte contributo ao nível do valor bruto da economia. Finalizou transmitindo que o apoio à economia tem sido positivo, focado em medidas robustas de alavancagem. Revelou ter consciência que a pandemia não está ultrapassada e o foco está nas moratórias, capitalização das empresas e na disponibilização de linhas de apoio à tesouraria.  

O primeiro painel de debate foi iniciado por Bernard Lycke, Diretor Geral do CECRA, que apresentou uma visão disruptiva sobre a distribuição clássica de veículos, que está numa transformação rápida na Europa, com impactos a curto e médio prazo, designadamente ao nível da regulamentação do setor automóvel nas vendas e pós-venda. Temas que se encontram em desenvolvimento e colocam o CECRA em contacto constante com as comissões da União Europeia. 

O crescimento a dois dígitos da BMCAR foi apresentado por José Teixeira, gerente do concessionário, que exibiu os resultados positivos da mudança de estratégia em 2020, durante a pandemia, com uma aposta no novo website, que criou a possibilidade de o cliente realizar uma videoconferência com o vendedor 14/24 horas por dia, para facilitar o comércio online de veículos, como extensão da atividade empresarial física.

Luís Morais, Diretor Geral da Mazda Motor Portugal, deu a conhecer a sua análise das vantagens de algumas tendências atuais, tais como a mobilidade partilhada e inteligente, bem como os veículos autónomos, a eletrificação e os produtos conectados. No que diz respeito à eletrificação, Luís Morais defendeu que é relevante a descarbonização, que se tornou a prioridade máxima na Europa e constitui um desafio para todas as indústrias, apelando à implementação de uma estratégia comum entre Governos e empresas para potenciar a execução deste objetivo.

Miguel Costa, Diretor Geral da divisão de Luxo CSantos VP, mostrou que o mercado de luxo se manteve com valores de mercado elevados durante a pandemia, e apresentou as tendências desta área de negócio em que, devido à eletrificação, evidencia uma procura cada vez maior por veículos movidos exclusivamente a motores de combustão, contrariando a tendência do setor.  

O painel "A Procura da Rentabilidade” foi iniciado por Diogo Mota, Diretor Usados, Grupo Filinto Mota, que abordou a importância das retomas e de como comprar bem, assim como o financiamento, tendo em conta a idade média das retomas e dos produtos com IVA, ao nível das despesas de dossier do desconto. 

De seguida, Licínio Santos, da Cofidis, questionou qual o futuro do mercado de veículos usados, tendo em conta o envelhecimento do parque automóvel, a dimensão do parque de automóveis usados, o efeito da pandemia, a solidez da economia e dos salários e a transferência energética e o preço dos veículos elétricos, defendendo a necessidade de uma estratégia para aumentar a rentabilidade, focada em comprar e/ou retomar bem, abrir as portas ao mercado global e inovar e digitalizar os processos, contribuindo para um aumento do footprint no mercado. A maximização do financiamento e dos seguros e a aposta em potenciar valor ao cliente, para maximizar a margem do negócio, foram outros temas focados. Finalizou com a provocação "Falhamos 100% do que não tentamos!”. 

Posteriormente Mark Fennely, Diretor Geral, ASE Consulting, analisou a oportunidade do automóvel usado do ponto de vista de um consultor do setor automóvel, explicando a estratégia que usam há quase 50 anos para ajudar as maiores e mais conhecidas marcas mundiais do setor automóvel a utilizar dados para desenvolver um negócio automóvel mais eficiente, mais rentável, em vendas de automóveis novos, vendas de carros usados e apoio ao serviço e peças. 

Rui Claro da Fonseca, Diretor da Carpick do Grupo Gocial, finalizou o painel avaliando que a rentabilidade nos usados é um negócio seguro e positivo. Enquadrou a questão salientando os pontos críticos, como o pvp e os prazos recondicionados, a rotação mensal e o financiamento, e os prazos médios de stock que condicionam o tempo/rotação e o preço. Tendo em conta as diversas variantes, considerou que é possível ter um negócio rentável de 10X ou 1000x unidades por mês, definindo e ou reposicionando, apostando em segmentos de negócios e no posicionamento, não perdendo de vista os meios críticos que constituem o capital, a estrutura humana e o sistema de controle. 

O último painel da conferência, subordinado ao tema "Após -Venda: Estamos preparados para os desafios?”, contou com a participação de André Castro Pinheiro, Diretor Divisão Automóvel da Fuchs, que caraterizou o parque automóvel revelando que regista cerca de 6,5M unidades, com uma dimensão estável e apenas em 2015 começou a recuperar da crise anterior, representando os Ligeiros de Passageiros cerca de 80% do total. Afirmou que o parque está envelhecido, com menos 22% de Ligeiros de Passageiros em cinco anos, apresentando uma idade media de 13 anos (LP), e 60% a 70% dos veículos a terem mais de 10 anos. Em conclusão defendeu que em 2030-2035: 60% a 70% do parque será constituído pelos veículos vendidos entre 2010-2020. Ao nível do mercado aftermarket, perspetiva o crescimento de 25% entre 2019 e 2030, apontando como impulso a maior complexidade de peças, com maior valor associado, o crescimento do parque automóvel. Em contraponto, está prevista a redução dos Km ’s percorridos, a redução de colisões (ADAS) e a redução por penetração dos veículos elétricos. 

António Osuna, da GTMotive Iberia, destacou a evolução e o futuro da tecnologia, defendendo que muitos sistemas e materiais novos estão a tornar os carros mais seguros e confortáveis. A tecnologia ajuda a gerar informação, como é o caso da International OEM database que apoia 38 marcas, 1,478 veículos e apoio na inspeção de 100% dos automóveis, com atualizações diárias, bissemanais e trimestralmente. 

Guillermo de Llera, Consultor da IF4, apresentou a queda moderada da demanda e da reestruturação da oferta, elogiando a resiliência que permitiu uma queda inferior ao esperado. Apontou como desafios a eletrificação do parque, afirmando que o que era uma tendência incipiente no início de 2020, afirmou-se como uma realidade, que é ainda difícil de quantificar, bem como a conectividade que obriga as Oficinas a B2C ativo com clientes. As Oficinas deverão ter um "Comunity Manager”, e os equipamentos:  o "novo automóvel” terá novos e mais caros equipamentos, o que aumentará a fatura média na Manutenção. Neste âmbito, é necessário estar atento à concorrência, nomeadamente a ferrovia, importante no Transporte de Mercadorias, mas não no de Passageiros, o teletrabalho que contribuirá para o não aumento da quilometragem média, e a mobilidade com "novas formas de mobilidade” influenciam em quem decide sobre a manutenção do carro, mas não na sua necessidade.

Isabel Basto, Diretora Executiva do Grupo Nors, caraterizou o parque automóvel, descrevendo que apesar do efeito negativo das matrículas, o parque continua a crescer, mas a um ritmo menor que nos últimos três anos, já que a média de crescimento nos últimos anos foi de 4%. Asseverou que o aumento do parque circulante total de automóveis ligeiros, deve-se principalmente a veículos de passageiros já que os comerciais apresentaram uma descida em relação ao ano passado. No que diz respeito ao futuro, estimou que a idade média do parque automóvel vai aumentar 0.9 anos e o parque vai ter um crescimento de 5,1% até 2023, acompanhado pela retoma do uso do carro, mas ainda longe dos valores de 2019. Alertou que, embora se esteja a matricular menos veículos a gasóleo, o parque circulante ainda é de 60% e 56% do parque automóvel tem mais de 10 anos, existindo uma maior sensibilização do preço das peças. Prevê que a rede oficial seja afetada com a diminuição do parque circulante até três anos e aponta que os "alternativos” já representam 23% das matrículas, mas têm apenas 2,5% do parque circulante, que é principalmente híbrido.   
 
O painel foi finalizado por Jorge Gonçalves, Diretor Comercial da BP, que expos o grande impacto do COVID 19, nomeadamente nas quebras de 4,5% no consumo de energia primária, nas emissões de carbono do consumo de energia: menos 6,3%, registando um nível mais baixo desde 2011 e o maior declínio desde o final da WW2, assim como a quebra de consumo de petróleo de 9.1M barris/dia (-9,3%), que foi maior quebra desde 2011. A par, o Gás Natural teve uma redução de 2,3%, mas com crescimento de 24,7% na produção de energia primária e as energias renováveis com +9,7% (Solar +20% e forte crescimento do Wind), acompanhadas pelo consumo de carvão com -4,2%, uma utilização das refinarias com quebra de 8pp com 74,1%. Nível mais baixo desde 1985, +3.000 com objetivos de "Net Zero”.  Neste contexto, a BP reforçou o seu compromisso rumo à neutralidade carbónica, compensando as emissões de carbono dos abastecimentos dos nossos clientes através do bp Target Neutral, os créditos de carbono gerados a partir de projetos globais que financiam a utilização de energias renováveis, redução de carbono e a proteção das florestas, compensando com 2.000.000 milhões de toneladas de carbono por ano, o que corresponde a retirar cerca de 400.000 veículos das estradas.

A conferência foi concluída com a intervenção de Gualter Mota Santos, presidente da mesa da Assembleia Geral da ARAN que elogiou o sucesso do evento, a marca dos 80 anos da atividade da associação, que investe na transição para o futuro e continua comprometida com a defesa dos seus associados e a execução da sua atividade em prol do setor. 


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