A indústria automóvel mundial está passar por um teste de stress, já que o surto de Coronavírus na China interrompeu o fornecimento de componentes para o equipamento original e para o aftermarket fabricados na Ásia Oriental. Os fabricantes de peças na China suspenderam a produção em muitas províncias, por exemplo no caso da província de Hubei, epicentro do surto, as fábricas permanecerão fechadas provavelmente até finais de...
A indústria automóvel mundial está passar por um teste de stress, já que o surto de Coronavírus na China interrompeu o fornecimento de componentes para o equipamento original e para o aftermarket fabricados na Ásia Oriental. Os fabricantes de peças na China suspenderam a produção em muitas províncias, por exemplo no caso da província de Hubei, epicentro do surto, as fábricas permanecerão fechadas provavelmente até finais de fevereiro, podendo esta interrupção se prolongar no tempo. Isto deixa as fábricas de automóveis em risco tanto na China - o maior mercado do mundo - quanto fora dela: a Hyundai Motor na Coreia do Sul foi o primeiro fabricante mundial a interromper a produção fora da China devido à escassez de componentes causadas pelas paragens e encerramentos para combater o Coronavírus. A General Motors, Volkswagen e Toyota Motor estão entre as empresas que fecharam as suas fábricas na China por escassez de componentes para as suas linhas de produção. A falta de peças acrescenta outra grande dor de cabeça para uma indústria que já enfrenta uma procura cada vez menor e com crescentes gastos em requisitos para veículos elétricos e autónomos. Os fabricantes de componentes vão encerrar mais de 80.000 postos de trabalho nos próximos anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg News, à medida que as tensões e tarifas comerciais aumentam os custos. Wuhan, capital de Hubei, é um dos principais polos da indústria automóvel na China, juntamente com Xangai, Guangzhou e Chanchun, onde fabricantes mundiais produzem automóveis e componentes para o aftermarket em conjunto com parceiros. Centenas de fornecedores têm fábricas em Hubei, incluindo mais da metade dos 20 principais fabricantes mundiais de peças, como a Robert Bosch, Valeo e a ZF Friedrichshafen, que estão entre os que produzem componentes lá, segundo o China Automotive Technology & Research Center. Mas o caso mais grave está centrado nos "embaladores" de peças, que estão muito expostos à volatilidade da produção chinesa. No que respeita ao mercado português, já há falta de peças no aftermarket devido aos efeitos colaterais do Coronavírus. A grande maioria das marcas embaladoras têm stocks para 3 meses e poderão entrar em colapso brevemente, os fabricantes de equipamento original, que concentram a maioria da sua produção na Europa, serão menos afectados (mas isso não significa que não poderão vir a ter problemas a médio prazo com alguns componentes). "Os fabricantes enfrentarão problemas graves de fornecimento de peças, algo com que as empresas não se depararam durante o período da SARS", disse Cui Dongshu, secretário-geral da Associação de Automóveis de Passageiros da China, referindo-se ao surto de 2003. "Wuhan é a mais competitiva em termos de custo entre os hubs da indústria automóvel na China, portanto muitos fabricantes de peças produzem componentes lá e abastecem os seus clientes em todo o mundo". A Bosch confirma nos seus sites que "está a preparar-se para retomar a produção nos próximos dias", disse a empresa alemã em comunicado por e-mail. E acrescenta "Avaliamos constantemente a situação." A Tesla está entre as empresas que dizem estar a avaliar possíveis interrupções na cadeia de fornecimentos para automóveis fabricados fora da China. O surto pode reduzir a produção de veículos em mais de 1,7 milhão de automóveis devido ao encerramento de fábricas, de acordo com a IHS Markit. A Hyundai interrompeu toda a sua produção na Coreia do Sul devido a uma escassez de peças causada por um trabalhador de um fornecedor na China que foi infetado pelo vírus. As consequências para o mercado do aftermarket em Portugal são por agora imprevisíveis, mas não há qualquer dúvida, segundo dados recentes, já há muitos embaladores racionando o seu stock. |
